Tontura e vertigem podem não ser labirintite

Tontura é sintoma genérico e pode ocorrer tanto em mal-estar passageiro quanto em doenças graves
25/05/2023 14h37

Pra começo de conversa: você já pensou na diferença de tontura e vertigem? Imagina que sejam a mesma coisa? Não são. O termo “tontura” costuma ser usado para definir qualquer tipo de desequilíbrio corporal, como a sensação de cabeça vazia ou mesmo de flutuação. De maneira mais precisa, é aquela sensação de um movimento do próprio corpo que não estaria acontecendo de fato. Já a vertigem é a impressão de que o ambiente ao redor está em movimento.

Popularmente, tontura e vertigem costumam ser atribuídas à labirintite – infecção viral ou bacteriana do labirinto, a estrutura do ouvido responsável pela audição e equilíbrio do corpo. O labirinto nos reequilibra diante de mudanças na posição da cabeça, do espaço e do movimento.

A labirintite, no entanto, muitas vezes é superestimada e leva culpa que não tem. Quando ela existe, chega com outros sintomas, como perda de audição e zumbido. Por ser uma condição relativamente rara, na maior parte das vezes nem é confirmada durante a consulta médica.

Mas se a labirintite pode não ser a causa de tonturas e vertigens corriqueiras, quem é?

De acordo com a médica otorrinolaringologista Maruska Santos, a tontura também pode estar relacionada a condições psiquiátricas, como ansiedade e depressão. Ela explicou que a ansiedade exacerbada gera projeção psicossomática, ou seja, o corpo responde mal tanto física quanto psiquicamente aos estímulos.

– Na pandemia, por exemplo, o paciente começava a apresentar a tontura associada a sintomas como perda de paladar, de olfato e de audição, embora muitas vezes não apresentasse infecção por coronavirus – citou durante a campanha de conscientização sobre a tontura, ocorrida em abril.

Os gatilhos estão longe de ser só ansiedade e depressão. A tontura pode contar condições de saúde adversas como pressão alta, alteração dos níveis de glicose no sangue, glaucoma, acidente vascular cerebral (AVC) e até aneurisma cerebral. Além disso, também pode se manifestar como efeito colateral da ingestão de remédios ou mesmo de cafeína.

Entre a população idosa, a tontura tem uma incidência maior e pode estar relacionada a doenças cardiovasculares, como arritmia, e até mesmo a uma desidratação. Além de prejudicar a qualidade de vida, não é raro que essas ocorrências levem a quedas, que são especialmente perigosas nessa faixa etária em razão de complicações como fraturas.

No ouvido

Com frequência, a tontura está relacionada a alguma condição que afeta a região do ouvido.

Entre as mais comuns estão:

- Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB): deslocamento dos cristais que existem dentro do labirinto.

 - Tontura postural-perceptual persistente (TPPP): distúrbio no nervo que ajuda a controlar o equilíbrio.

- Neurite vestibular: inflamação no nervo do labirinto.

- Doença de Ménière: aumento da pressão do líquido que fica dentro do ouvido.

O que fazer

A primeira coisa que se deve fazer ao sentir tontura é buscar um apoio para se sentar ou deitar. Caso a pessoa esteja de pé, pode se apoiar de costas a uma parede e agachar devagar até sentar no chão. É importante manter a calma. Além disso, olhar para um ponto fixo no ambiente por alguns minutos também contribui para que tontura passe.

No caso de ocorrências frequentes e intensas, a recomendação é buscar ajuda médica. Como pode ser um desafio identificar a causa do mal-estar, é importante o paciente dar ao profissional de saúde um relato preciso das sensações e detalhes como circunstância do evento, intensidade, fatores de melhora ou piora, uso de remédios e outros desconfortos associados, como náuseas. Um diagnóstico preciso é fundamental para o tratamento adequado.